quarta-feira, 21 de março de 2007

Democratização do acesso à informação e ao conhecimento:a educação na sociedade em rede

http://www.uminho.pt/+Bibliotecas+http://www.uminho.pt/+Bibliotecas+http://www.sdum.uminho.pt+RepositóriUM

Educação e sociedade da informação: uma perspectiva crítica sobre as TIC num contexto escolar
Autor: Maria Alexandra Nogueira Vieira

A expressão sociedade da informação é entendida como um desafio, em direcção ao qual é suposto que todos os cidadãos se mobilizem, com vista a alcançar a designada sociedade do conhecimento.
Muitos dos teóricos da sociedade da informação invocam as escolas e os sistemas educativos como parte fundamental do processo de mudança ambicionado. Tal como noutras áreas da actividade humana, a introdução das tecnologias da informação e comunicação (TIC) em contexto escolar, tem vindo a ser alvo de reflexão e análise, em relação aos impactos que elas têm e às mudanças que podem provocar no processo de ensino-aprendizagem.
Os argumentos que têm promovido a implementação das TIC nas escolas previram que estas iriam facilitar os processos de ensino e promover ganhos para todos os alunos.
Porém, as práticas dos actores educativos têm vindo a revelar que esta associação não é linear. Assim, a compreensão da generalização do uso das TIC em contextos escolares, como qualquer outra mudança em educação, exige abordagens complexas e integradoras, que permitam, por um lado, ajuizar as orientações nas suas potencialidades e limites e, por outro, alargar o conhecimento crítico desta realidade social.
O primeiro volume da Trilogia, "Sociedade em Rede - A Era da informação: Economia, sociedade e cultura", traça um cenário mediado pelas novas tecnologias de informação e comunicação – TIC’s – e como estas interferem nas estruturas sociais. O autor constrói seu raciocínio partindo da história do forte desenvolvimento das tecnologias a partir da década de 70 e seus impactos nos diversos campos das relações humanas. Demonstra como tecnologias, inicialmente impulsionadas pelas pesquisas militares, foram amplamente utilizadas pelo sector financeiros, justamente em um momento de necessidade de reestruturação do capitalismo. Aproveitando-se do processo de desregulamentação promovido pelos EUA e organismos internacionais, como Banco Mundial e FMI, o capital financeiro multiplicou sua circulação entre os diversos mercados mundiais, em movimentos cada vez menos vinculados ao processo produtivo. As tecnologias também tiveram papel fundamental na reestruturação das empresas, que puderam horizontalizar suas estruturas e, por meio de TIC’s de baixo custo, transnacionalizar a produção. Ao analisar a questão da produtividade, Castells ressalta que a introdução das novas tecnologias somente começaram a ter efeito a partir do final da década de 1990, o que justificaria a ausência de aumento de produtividade no período 1970-80. Ressalta, também, o impacto dessa reestruturação do capital financeiro e da nova sociedade organizada em rede em relação ao trabalho. Argumenta que, mais do que as novas tecnologias, as políticas empresariais e governamentais, bem como aspectos institucionais e culturais é que determinam os impactos na questão do emprego. Sustenta, ainda, que há um processo tendente à dualização do trabalho, com aumento substancial dos trabalhadores de alto nível e também de nível de menor qualificação, havendo um claro achatamento dos empregados de padrão intermediário de conhecimento e rendimento. Castells, igualmente, apresenta sua formulação teórica do que intitula "a cultura da virtualidade real", lembrando que as culturas consistem processos de comunicação e que, uma vez sendo a comunicação baseada em sinais, não há separação entre "realidade" e representação simbólica. Isso é importante para destacar que as relações humanas, cada vez mais, se darão em um ambiente multimédia, cujos impactos ainda estão por serem estudados.

Nenhum comentário: